Livros “usados” & dedicatórias
Após lerem o livro, há muita gente que se questiona do que fazer com ele. A minha pessoa não tem esse problema, por mim eu guardo-os todos, são como relíquias. Fazem parte da minha vida, representaram um capítulo dela.
Mas, vamos ser realistas, quem gosta de ler, normalmente, quer sempre ter novos livros, e isso pode se tornar muito dispendioso.
Há quem opte por vender os livros que já leu, o que hoje em dia não é nada difícil, como também temos a hipótese de comprar livros usados. Pessoalmente, não tenho qualquer problema com livros usados, desde tenham as páginas todas. 🙂 Claro que não é só isso, mas se os livros vierem em bom estado, para mim é como se nunca tivessem sido usados e vou amá-los tanto como amo os que ainda vêm sem as páginas vincadas.
Agora, no que toca a vender livros, até agora ainda não o fiz, e espero não ter que o fazer, e vocês já vão entender o porquê de eu ter certa relutância em relação a desfazer-me deles.
No outro dia estava a ver um filme (outra das minhas paixões, mas esta fica para ser falada numa outra ocasião) e havia uma personagem que tinha uma grande colecção de livros, sendo que grande parte deles era o mesmo livro. Eles contavam sempre a mesma história, mas eram todos diferentes, o tamanho, a capa, a apresentação deste, tudo mudava.
O livro tinha sido oferecido pelo pai dela, só que nesse aniversário ela queria muito receber uns brincos, então ela ficou desgostosa com a prenda do pai, não lhe dando qualquer valor. O que é que o livro tinha de especial? Uma dedicatória que o pai escreveu para ela. A rapariga continuaria com esse desinteresse pelo livro, mas, para infortúnio dela, essa foi a última prenda que ela recebeu do pai, visto que ele morreu semanas depois. Ela passou a dar muito valor ao livro. Porém, numa mudança de casa, o livro ficou perdido. Então, a rapariga tinha uma espécie de superstição, ela sempre que passava por uma loja de livros usados, procurava pelo livro, para ver se era o dela, e se o livro tivesse uma dedicatória, ela comprava-o. Basicamente, o que ela tinha era uma colecção de dedicatórias (ideia pela qual eu fiquei apaixonada).
A rapariga diz que lê o livro de vez em quanto, de ano a ano, e que sempre que o lê, o livro diz-lhe algo diferente.
Esse é o motivo pelo qual eu me sinto relutante em desfazer-me dos livros. É certo e sabido que ao se ler o mesmo livro uma segunda e terceira vez, vamos sempre nos aperceber de algo que na primeira leitura não notamos. Comigo acontece sempre, principalmente porque eu estou sempre “em pulgas” para saber o que vai acontecer a seguir, então as minhas leituras seguintes do livro fazem-me ver muita coisa que me passou despercebida.
Mas eu acredito que o que foi dito no filme aconteça. O teu estado de espírito será diferente, a tua maturidade será diferente, o que tens à tua volta será diferente, então a linha de raciocínio, que tínhamos tido quando estávamos a ler o livro, será diferente.
Outro assunto que eu queria expor, é sobre dedicatórias. Eu acho adorável a ideia, apesar de, até agora, não ter recebido nenhum livro com uma preciosidade dessas.
É um modo de não esquecer quem te ofereceu, e através da dedicatória dá sempre para relembrar em que altura da nossa vida nos foi dado, mas, acima disso, acredito que a dedicatória terá um efeito diferente, dependendo de quando for lida (voltamos ao assunto de que a percepção que temos sobre tudo vai mudando ao longo da nossa vida).
Então, deixando já aqui uma indirecta para as pessoas da minha vida que me fazem feliz ao oferecem-me livros, ponham uma pequena dedicatória no livro quando oferecerem.
Façam-no com uma caneta decente, para não estragarem o livro, ou então optem por um papelzinho, que é sempre mais seguro.
Já agora, o nome do filme era “Definitely, Maybe”, e o nome do livro é Jane Eyre.
Beijos e abraços.
Márcia
Já anotei a indirecta então, ahahah 😀 “anotei no bloquinho” 😛
Muito bom Micas, continua!