Jane Eyre

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Boas gente.

Hoje vou falar de Jane Eyre de Charlotte Brontë. Se ainda pretendem ler e não gostam de saber antecipadamente o que acontece, não leiam.

Eu conheci esta obra através de uma pesquisa.

Como podem suspeitar, Charlotte Brontë é irmã de Emily Brontë.

Jane Eyre foi publicado em 1847, sob o pseudónimo Currer Bell. Com alguns cliques na Wikipédia ficam a saber tudo sobre esta família.

Eu adorei ler esta obra. Tal como em Morros dos Ventos Uivantes, a escrita é diferente da que existe actualmente, as descrições são muito detalhadas mas em nada são maçudas.

A história é contada na primeira pessoa, por Jane Eyre. Orfa de pai e mãe, desde pequena que vive com sua tia Reed e seus primos Eliza, John e Georgiana Reed. Era totalmente infeliz, o seu tio tinha morrido, e a sua tia detestava-a. Era mal tratada pelos primos (principalmente pelo John) e saía sempre culpada das situações, pois era tomada por uma criança mimada e birrenta, mas pior ainda, mentirosa.

Entretanto, ela é enviada para a escola, onde ficou por 6 anos como aluna e 2 como professora. Aí viveu feliz, apesar da miséria que existia nessa escola, a falta de comida e de roupa quente. Aprendeu imenso, entre Francês, tocar piano, pintar, cozer, geografia, e a lista continua. Era uma menina muito curiosa e sempre pronta a aprender algo novo. Esforçada, lutou para ser a melhor e se destacar em todas as áreas de aprendizagem.

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Após 8 anos sem conhecer mais nada além da escola, decide dar um novo rumo à sua vida, e vai para Thornfield Hall como perceptora de Adéle. Aí conhece Edward Rochester. A casa é um pouco sinistra devido a certos acontecimentos. (E agora de uma forma breve, porque se quiserem saber mais da história basta procurarem) Eles apaixonam-se, ele pede-a em casamento. No dia do casamento ela descobre que ele já é casado. Decide fugir da casa e acaba por ficar à beira da morte. É, então, acolhida por St John Rivers e suas irmãs, e mais tarde vem a descobrir que são primos, e que lhe está destinada uma herança, a qual divide com os primos.

John tenta convencê-la a viajar com ele, mas, após sentir um chamamento, ela vai procurar Edward. Descobre que Thornfield Hall ardeu, provocando a morte da esposa de Edward, e tirando a visão e uma mão a este. Como ainda o amava, fica com ele (que recupera parte da visão mais tarde), e pronto “viveram felizes para sempre”.

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Agora vamos ao que interessa.

Para começar, uma coisa que eu notei é que eles ligam muito à beleza exterior. Nós agora também ligamos, mas naquele tempo, era algo normal dizer isso à pessoa. Pelo menos, foi o que me deu a entender.

Jane é descrita como uma pessoa vulgar, sem grande beleza, tal como Edward, e sempre que uma personagem é possuidora de beleza, ela é descrita a pormenor, e é bastante levada em conta. Muitas foram as pessoas que comentaram com Jane a falta de beleza dela (o primo, o próprio Edward). Mas as nossas personagens principais mais importantes (Jane e Edward) não dão valor apenas ao exterior.

Jane é maravilhosa. O modo como ela vê o mundo, é magnífico. Ela é calma, e sabe bem a sua posição. Mas se lhe é permitido, ou se achar que é necessário, não fica calada, mostra o seu ponto de vista e a sua opinião e defende aquilo em que acredita. É muito boa a decifrar o carácter dos que a rodeiam. Adapta-se muito facilmente a novas situações, e a novas personalidades. Ela conquista o leitor logo no início, e conquista, de um a forma única, as pessoas com quem tem um contacto prolongado.

Uma das principais coisas que me fascinou nela, é a ideia que ela tem de liberdade. Ela tem noção que por trabalhar para outrem, tem que se sujeitar às suas ideias. Como é dependente, acaba por existir a possibilidade de ser reprimida (psicologicamente), algo que ela não quer nem pretende consentir. Quer manter a sua opinião, a sua forma de pensar, apesar de conseguir compreender muito bem o modo de pensar dos outros.

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Mas o principal motivo que me leva a adorar o seu raciocino, é o que ela pensa do casamento. Numa parte do livro o seu primo pede-a em casamento, para tornar possível que ela o acompanhe até à Índia. Ela não aceita. O primeiro motivo para o “não” é por eles não se amarem desse jeito. Ela ama o primo como um irmão e nada mais. O segundo motivo é: ela até podia começar a desenvolver outro tipo de amor pelo primo, após se casarem, mas, por causa da personalidade e do raciocínio deste, ela sabe que isso nunca correria bem, ele iria desvalorizar e caracterizar isso como algo frívolo. Mas a principal razão é: o seu primo conseguia oprimi-la. Não lhe retirava os seus pensamentos, mas quanto mais tempo passa com ele, mais ela se acanhava e se reprimia, de modo a não desagradá-lo. Ela não se sentia satisfeita, no entanto consentia. Sabia que ao viajar com ele iria acontecer isso, mas, mesmo assim, estava disposta a ir. Contudo, ao se casar com ele, largava de ter a sua liberdade, pois o casamento tirar-lhe-ia a sua liberdade de espírito. Enquanto solteira, ela podia curvar-se perante o primo, mas o seu interior continuaria a ser apenas seu, e a sua cabeça também. O seu corpo estaria limitado, mas o seu coração e a sua mente estariam livres.
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Ela acredita que o casamento une os dois, não apenas fisicamente, como psicologicamente. O pensamento do outro acaba por influenciar o do parceiro, de um modo muito mais profundo. Ela não podia negar ou afastar essa influência do seu espírito, se viesse do seu marido como podia se viesse de outra pessoa.

O livro mostra muito a visão daquele tempo, em relação à mulher. Acredito que tenha sido bastante revolucionário, por ter sido escrito por uma mulher (apesar de ela ter usado um pseudónimo masculino, mais tarde ela assumiu os créditos). A ideia dominante era que a mulher não trabalhava, tinha que ser mantida, ou seja, a obrigação desta era casar, de modo a ser mantida pelo marido.

Se me contassem apenas a história, muito provavelmente, eu não iria ficar encantada com ela. Mas o modo como a história é contada, as personagens que fazem parte desta. Jane, e a forma peculiar dela pensar e de agir, foram os motivos para que eu gostasse tanto.

Vou ler de novo e aconselho a lerem. É um bom livro para quem gosta de romances, e para quem gosta de personalidades firmes e únicas.

Beijos e abraços 🙂

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Micaela Ribeiro

Talento imenso para colar em livros de qualquer género, ver séries e filmes também elas de qualquer género…

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